quarta-feira, 29 de agosto de 2012


                   22º Domingo do Tempo Comum – Ano B
A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a “Lei”. Deus quer a realização e a vida plena para o homem e, nesse sentido, propõe-lhe a sua “Lei”. A “Lei” de Deus indica ao homem o caminho a seguir. Contudo, esse caminho não se esgota num mero cumprimento de ritos ou de práticas vazias de significado, mas num processo de conversão que leve o homem a comprometer-se cada vez mais com o amor a Deus e aos irmãos.

A primeira leitura garante-nos que as “leis” e preceitos de Deus são um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude. Por isso, o autor dessa catequese recomenda insistentemente ao seu Povo que acolha a Palavra de Deus e se deixe guiar por ela.

No Evangelho, Jesus denuncia a atitude daqueles que fizeram do cumprimento externo e superficial da “lei” um valor absoluto, esquecendo que a “lei” é apenas um caminho para chegar a um compromisso efectivo com o projecto de Deus. Na perspectiva de Jesus, a verdadeira religião não se centra no cumprimento formal das “leis”, mas num processo de conversão que leve o homem à comunhão com Deus e a viver numa real partilha de amor com os irmãos.

A segunda leitura convida os crentes a escutarem e acolherem a Palavra de Deus; mas avisa que essa Palavra escutada e acolhida no coração tem de tornar-se um compromisso de amor, de partilha, de solidariedade com o mundo e com os homens.

 LEITURA I – Dt 4,1-2.6-8

Leitura do Livro do Deuteronómio

Moisés falou ao povo, dizendo:
«Agora escuta, Israel,
as leis e os preceitos que vos dou a conhecer
e ponde-os em prática,
para que vivais e entreis na posse da terra
que vos dá o Senhor, Deus de vossos pais.
Não acrescentareis nada ao que vos ordeno,
nem suprimireis coisa alguma,
mas guardareis os mandamentos do Senhor vosso Deus,
tal como eu vo-los prescrevo.
Observai-os e ponde-os em prática:
eles serão a vossa sabedoria e a vossa prudência
aos olhos dos povos,
que, ao ouvirem falar de todas estas leis, dirão:
‘Que povo tão sábio e tão prudente é esta grande nação!’
Qual é, na verdade, a grande nação
que tem a divindade tão perto de si
como está perto de nós o Senhor, nosso Deus,
sempre que O invocamos?
E qual é a grande nação
que tem mandamentos e decretos tão justos
como esta lei que hoje vos apresento?»



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 14 (15)

Refrão 1: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?

Refrão 2: Ensinai-nos, Senhor:
quem habitará em vossa casa?

O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.

O que não faz mal ao seu próximo nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.

O que não falta ao juramento, mesmo em seu prejuízo,
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.


LEITURA II – Tg 1,17-18.21-22.27

Leitura da Epístola de São Tiago

Caríssimos irmãos:
Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto,
descem do Pai das luzes,
no qual não há variação nem sombra de mudança.
Foi Ele que nos gerou pela palavra da verdade,
para sermos como primícias das suas criaturas.
Acolhei docilmente a palavra em vós plantada,
que pode salvar as vossas almas.
Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes,
pois seria enganar-vos a vós mesmos.
A religião pura e sem mancha,
aos olhos de Deus, nosso Pai,
consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações
e conservar-se limpo do contágio do mundo.



ALELUIA – Tg 1,18

Aleluia. Aleluia.

Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade,
para sermos como primícias das suas criaturas.


EVANGELHO – Mc 7,1-8.14-15.21-23

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
 
Naquele tempo,
reuniu-se à volta de Jesus
um grupo de fariseus e alguns escribas
que tinham vindo de Jerusalém.
Viram que alguns dos discípulos de Jesus
comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar.
– Na verdade, os fariseus e os judeus em geral
não comem sem terem lavado cuidadosamente as mãos,
conforme a tradição dos antigos.
Ao voltarem da praça pública,
não comem sem antes se terem lavado.
E seguem muitos outros costumes
a que se prenderam por tradição,
como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –.
Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus:
«Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos,
e comem sem lavar as mãos?»
Jesus respondeu-lhes:
«Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas,
como está escrito:
‘Este povo honra-Me com os lábios,
mas o seu coração está longe de Mim.
É vão o culto que Me prestam,
e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’.
Vós deixais de lado o mandamento de Deus,
para vos prenderdes à tradição dos homens».
Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão
e começou a dizer-lhe:
«Ouvi-Me e procurai compreender.
Não há nada fora do homem
que ao entrar nele o possa tornar impuro.
O que sai do homem é que o torna impuro;
porque do interior dos homens é que saem os maus pensamentos:
imoralidades, roubos, assassínios,
adultérios, cobiças, injustiças,
fraudes, devassidão, inveja,
difamação, orgulho, insensatez.
Todos estes vícios saem lá de dentro
e tornam o homem impuro».

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

21º Domingo do Tempo Comum Ano B
A liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum fala-nos de opções. 
Recorda-nos que a nossa existência pode ser gasta a perseguir valores efémeros e estéreis, ou a apostar nesses valores eternos que nos conduzem à vida definitiva, à realização plena. Cada homem e cada mulher têm, dia a dia, de fazer a sua escolha.

Na primeira leitura, Josué convida as tribos de Israel reunidas em Siquém a escolherem entre “servir o Senhor” e servir outros deuses. O Povo escolhe claramente “servir o Senhor”, pois viu, na história recente da libertação do Egipto e da caminhada pelo deserto, como só Jahwéh pode proporcionar ao seu Povo a vida, a liberdade, o bem estar e a paz.

O Evangelho coloca diante dos nossos olhos dois grupos de discípulos, com opções diversas diante da proposta de Jesus. Um dos grupos, prisioneiro da lógica do mundo, tem como prioridade os bens materiais, o poder, a ambição e a glória; por isso, recusa a proposta de Jesus. Outro grupo, aberto à acção de Deus e do Espírito, está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida; os membros deste grupo sabem que só Jesus tem palavras de vida eterna. É este último grupo que é proposto como modelo aos crentes de todos os tempos.

Na segunda leitura, Paulo diz aos cristãos de Éfeso que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. Para o seguidor de Jesus, o espaço da relação familiar tem de ser o lugar onde se manifestam os valores de Jesus, os valores do Reino. Com a sua partilha de amor, com a sua união, com a sua comunhão de vida, o casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.

LEITURA I – Jos 24,1-2a.15-17.18b
Leitura do Livro de Josué
Naqueles dias,
Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém.
Convocou os anciãos de Israel,
os chefes, os juízes e os magistrados,
que se apresentaram diante de Deus.
Josué disse então a todo o povo:
«Se não vos agrada servir o Senhor,
escolhei hoje a quem quereis servir:
se os deuses que os vossos pais serviram no outro lado do rio,
se os deuses dos amorreus em cuja terra habitais.
Eu e a minha família serviremos o Senhor».
Mas o povo respondeu:
«Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses;
porque o Senhor é o nosso Deus,
que nos fez sair, a nós e a nossos pais,
da terra do Egipto, da casa da escravidão.
Foi Ele que, diante dos nossos olhos,
realizou tão grandes prodígios
e nos protegeu durante o caminho que percorremos
entre os povos por onde passámos.
Também nós queremos servir o Senhor,
porque Ele é o nosso Deus».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.

Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado.

A maldade leva o ímpio à morte,
os inimigos do justo serão castigados.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele se refugiam.

LEITURA II – Ef 5,21-32
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo.
As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor,
porque o marido é a cabeça da mulher,
como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo,
do qual é o Salvador.
Ora, como a Igreja se submete a Cristo,
assim também as mulheres
se devem submeter em tudo aos maridos.
Maridos, amai as vossas mulheres,
como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela.
Ele quis santificá-la,
purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida,
para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória,
sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante,
mas santa e imaculada.
Assim devem os maridos amar as suas mulheres,
como os seus corpos.
Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.
Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo,
antes o alimenta e lhe presta cuidados,
como Cristo à Igreja;
porque nós somos membros do seu Corpo.
Por isso, o homem deixará pai e mãe,
para se unir à sua mulher,
e serão dois numa só carne.
É grande este mistério,
digo-o em relação a Cristo e à Igreja.

ALELUIA – cf. Jo 6,63c.68c
Aleluia. Aleluia.

As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna.

EVANGELHO – Jo 6,60-69
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram:
«Estas palavras são duras.
Quem pode escutá-las?»
Jesus, conhecendo interiormente
que os discípulos murmuravam por causa disso,
perguntou-lhes:
«Isto escandaliza-vos?
E se virdes o Filho do homem
subir para onde estava anteriormente?
O espírito é que dá vida,
a carne não serve de nada.
As palavras que Eu vos disse são espírito e vida.
Mas, entre vós, há alguns que não acreditam».
Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início,
quais eram os que não acreditavam
e quem era aquele que O havia de entregar.
E acrescentou:
«Por isso é que vos disse:
Ninguém pode vir a Mim,
se não lhe for concedido por meu Pai».
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se
e já não andavam com Ele.
Jesus disse aos Doze:
«Também vós quereis ir embora?»
Respondeu-Lhe Simão Pedro:
«Para quem iremos, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna.
Nós acreditamos
e sabemos que Tu és o Santo de Deus».


sexta-feira, 17 de agosto de 2012


20º DOMINGO DO TEMPO COMUM
A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum repete o tema dos últimos domingos: Deus quer oferecer aos homens, em todos os momentos da sua caminhada pela terra, o “pão” da vida plena e definitiva. Naturalmente, os homens têm de fazer a sua escolha e de acolher esse dom.

No Evangelho, Jesus reafirma que o objectivo final da sua missão é dar aos homens o “pão da vida”. Para receber essa vida, os discípulos são convidados a “comer a carne” e a “beber o sangue” de Jesus – isto é, a aderir à sua pessoa, a assimilar o seu projecto, a interiorizar a sua proposta. A Eucaristia cristã (o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus) é um momento privilegiado de encontro com essa vida que Jesus veio oferecer.

A primeira leitura oferece-nos uma parábola sobre um banquete preparado pela “senhora sabedoria” para os “simples” e para os que querem vencer a insensatez. Convida-nos à abertura aos dons de Deus e à disponibilidade para acolher a vida de Deus (o “pão de Deus que desce do céu”).

A segunda leitura lembra aos cristãos a sua opção por Cristo (aquele Cristo que o Evangelho de hoje chama “o pão de Deus que desceu do céu para a vida do mundo”). Convida-os a não adormecerem, a repensarem continuamente as suas opções e os seus compromissos, a não se deixarem escorregar pelo caminho da facilidade e do comodismo, a viverem com empenho e entusiasmo o seguimento de Cristo, a empenharem-se no testemunho dos valores em que acreditam.

 LEITURA I – Prov 9,1-6

Leitura do Livro dos Provérbios

A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas.
Abateu os seus animais,
preparou o vinho e pôs a mesa.
Enviou as suas servas
a proclamar nos pontos mais altos da cidade:
«Quem é inexperiente venha por aqui».
E aos insensatos ela diz:
«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei.
Deixai a insensatez e vivereis;
segui o caminho da prudência».
 
 SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)

Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Temei o Senhor, vós os seus fiéis,
porque nada falta aos que O temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma.

Vinde, filhos, escutai-me,
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
Qual é o homem que ama a vida,
que deseja longos dias de felicidade?

Guarda do mal a tua língua
e da mentira os teus lábios.
Evita o mal e faz o bem,
procura a paz e segue os seus passos.


LEITURA II – Ef 5,15-20

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos:
Vede bem como procedeis.
Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes.
Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus.
Por isso não sejais irreflectidos,
mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor.
Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria,
mas enchei-vos do Espírito Santo,
recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando e salmodiando em vossos corações,
dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.


ALELUIA – Jo 6,56

Aleluia. Aleluia.

Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em mim e Eu nele, diz o Senhor.
 

EVANGELHO – Jo 6,51-58
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
 Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é minha carne,
que Eu darei pela vida do mundo».
Os judeus discutiam entre si:
«Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»
E Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a carne do Filho do homem
e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha carne é verdadeira comida
e o meu sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em Mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou
e eu vivo pelo Pai,
também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram:
quem comer deste pão viverá eternamente».
 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Dedicação da Igreja Matriz da Vergada a Cristo Rei
Da Paróquia de Cristo Rei da Vergada - Santa
Maria da Feira - Diocese do Porto
 
  Conforme Programa bem elaborado e melhor conseguido e  executado decorreu pelas 19.00 horas do dia 15 de Agosto de 2012 a Dedicação da Igreja Matriz da Vergada a Cristo Rei.
       Iniciou-se com a Recepção a Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo Auxilar do Porto D. João Evangelista Pimentel Lavrador no Adro Fronteiro à Igreja Matriz. 
        O Pároco entregou simbòlica e significativamente a Chaves da Igreja Matriz num sinal tradicional e protocolar de posse, priedade,  pertença e comunhão com a Diocese do Porto e a Igreja.
       Seguiu-se Discurso de Boas Vindas excelentemente proferido pela Dra e Professora Maria Ermelinda Ferreira e em continuação  da mesma Recepção procedeu-se ao Memorial e Homenagam ao Reverendo Padre Álvaro Soares da Silva pelo Pároco Local.
       A Coroa e as flores das Crianças constituiram o corolário  da mesma Homenagem e Memorial.
       Terminada esta Acção Recepcional iniciou-se a Singular e Única Celebração da Dedicação da Igreja Matriz a Cristo Rei , a Bêncão do Altar e Sacrário.
       No fim a Assinatura e Guarda  da Acta Histórica, descerramento das Placas da Dedicação da Igeja Matriz e dos Cabouqueiros e Instaladores da Paróquia.
       Findando tudo com um bem servido, opípero  e lauto repasto,  convivencial e amigo no Salão de Actos na Cripta da mesma Igreja Matriz.
       O Hino da Vergada da autoria de Poema e Música  do Doutor e Professor Pedro Ferreira foi herói e vedeta no fim da Celebração 
e na altura dos Parabéns pelas Bodas e Esmeralda da Paróquia.
 

PARABÉNS A TODOS
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Bênção e Dedicação da Igreja de Cristo Rei da Vergada
15 Agosto 2012

Homilia de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo D. João Evangelista Pimentel Lavrador

         Passados quarenta anos após a edificação desta Igreja de Cristo Rei da Vergada, celebrando a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, eis-nos reunidos como comunidade cristã, verdadeira morada de Deus, para a bênção e dedicação deste templo.
         Da relação entre estas três realidades, Assunção de Nossa Senhora, Comunidade cristã e templo edificado para a reunião da Assembleia convocada por Deus, realço algumas reflexões.
         A primeira tem a ver com a visão que o Concilio Vaticano II nos oferece sobre Nossa Senhora. Ao integrá-La na exposição doutrinal acerca da Igreja, quer estabelecer uma relação íntima entre Maria de Nazaré, Mãe de Deus, e a Igreja, Comunidade dos discípulos de Jesus Cristo que caminha na história. Diz ele que «pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada, à Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava S. Ambrósio. Com efeito, no mistério da Igreja, a qual é também com razão chamada mãe e virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi adiante, como modelo eminente e único de virgem e de mãe» (LG, 63). E, mais à frente referindo-se à santidade e à maternidade a que a Igreja é chamada, refere que «por sua vez, a Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efectivamente, pela pregação e pelo Baptismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por acção do Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é virgem, pois guarda fidelidade total e pura ao seu Esposo e conserva virginalmente, à imitação da Mãe do seu Senhor e por virtude do Espírito Santo, uma fé íntegra, uma sólida esperança e uma verdadeira caridade» (LG, 64).
Contudo, se por um lado, na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem ruga que lhe é própria (cfr. Ef. 5,27), por outro, os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos (cfr. LG, 65).
       Precisamente na solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, a humanidade é convidada a reconhecer a dignidade sublime a que é chamada por Deus que em Maria de Nazaré, Mãe de Jesus Cristo, manifesta a grandeza da natureza humana, vitimada pelo pecado mas restaurada pela graça da redenção operada por Cristo; e os cristãos identificam a sua peregrinação na terra com aqueles valores dos quais vivem já neste mundo uma vez que, pelo Baptismo, participam da vida nova de Jesus Cristo ressuscitado.
       A segunda diz respeito à relação de Nossa Senhora com a Igreja enquanto templo onde habita Deus, pela incarnação de Jesus Cristo. Este mistério está presente na linguagem do livro do Apocalipse ao identificar aquela mulher que estava para ser mãe, cujo filho há-de reger todas as nações. Ou como canta Santa Isabel ao dizer: «donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?». Como afirma o Concilio Vaticano II: «a Igreja olha com razão para aquela que gerou a Cristo, o qual foi concebido por acção do Espírito Santo e nasceu da Virgem precisamente para nascer e crescer também no coração dos fiéis, por meio da Igreja. E, na sua vida, deu a Virgem exemplo daquele afecto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar os homens» (LG, 65).
       À imagem de Maria que concebeu no seu seio a Jesus Cristo e se tornou templo de Deus, também cada comunidade cristã é chamada a incarnar a Jesus Cristo, a ser fecunda gerando novos filhos pelo Evangelho e pelo Baptismo, e, dirigindo-se apressadamente ao encontro dos que necessitam de conhecer a Boa Nova de Jesus Cristo, comunicar através de um testemunho convincente a alegria da actuação de Deus na história dos homens, tal como nos refere o encontro de Nossa Senhora à Sua prima Santa Isabel.
       A terceira refere-se ao templo edificado, isto é, à construção das Igrejas materiais, que devem ser encaradas como sinais da presença de Deus no meio do Seu povo. Deste modo, as paredes edificadas, deixam de ser mera construção arquitectónica, técnica e material, para se tornarem em sinal de uma realidade divina.
       Percorrendo a história da salvação, verificamos como o Povo da Aliança anseia por construir o templo para que Deus tenha um lugar digno onde habitar. Disto se ocupa o rei David e sobretudo Salomão (2Sam. 7, 1-14). Contudo, Jesus Cristo na sua atitude da realização plena da promessa e da instauração do Reino de Deus que se torna presente na Sua pessoa coloca o significado do verdadeiro templo em Si mesmo. Assim, destruir o templo ou reerguê-lo tem a ver com a Sua morte e com a Sua ressurreição.
Já S. Paulo identifica a construção do verdadeiro templo com a comunidade cristã, ao dizer: «Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós» (1 Cor 3, 16-17). Ou como diz S. Pedro: «E vós mesmos, como peras vivas, entrai na edificação de um edificio espiritual, por meio de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrificio espirituais que serão agradáveis a Deus, por Jesus Cristo» (1Pe. 2, 5).
       Dedicamos este espaço sagrado a Deus, que se nos revelou e entregou em Cristo para ser definitivamente Deus com os homens. A Palavra revelada, a humanidade de Cristo e a sua Igreja são as três máximas expressões da sua manifestação e entrega aos homens. Por isso, diz S. Paulo: «Veja cada um como edifica... Ninguém pode pôr outro fundamento, diverso daquele que já foi posto, isto é, Jesus Cristo» (1 Cor 3, 10-11),
       Eis caros cristãos da Vergada a profundidade da celebração que nos reune hoje neste templo, sinal duma comunidade cristã fundamentada na fé em Jesus Cristo, chamada a celebrar os seus mistérios, a viver a caridade, a edificar a comunhão, a construir a unidade e a ser tesetmunha de Deus no mundo.
       Comunidade evangelizada e evangelizadora que como afirma Paulo VI, começa por se evangelizar a si mesma. «Comunidade de crentes, comunidade de esperança vivida e comunicada, comunidade de amor fraterno, ela tem necessidade de ouvir sem cessar aquilo que ela deve acreditar, as razões da sua esperança e o mandamento novo do amor» (EN, 15). Nas suas palavras, a Igreja, comunidade de crentes imersos no mundo, para conservar o alento, a frescura e a força para anunciar o Evangelho, tem de se colocar à escuta da Boa Noticia de Jesus Cristo e reconhecer-se convocada e enviada por Ele.
       Como dizia, há pouco tempo, o Santo Padre, em Barcelona, «o Senhor Jesus é a pedra que suporta o peso do mundo, que mantém a coesão da Igreja e que recolhe na unidade final todas as conquistas da humanidade. Nele temos a Palavra e a presença de Deus, e é d’Ele que a Igreja recebe a Sua vida, a Sua doutrina e a Sua missão».
       A Igreja, por sua vez, tal como afirma o Concilio Vaticano II, é chamada a ser sinal e instrumento de Cristo, em pura docilidade à sua autoridade e em serviço total ao seu mandato (cfr.  LG, 1).
       O único Cristo funda a única Igreja; Ele é a rocha sobre a qual se alicerça a nossa fé. Ancorados nesta fé, procuremos juntos mostrar ao mundo o rosto de Deus, que é amor e o Único que pode responder ao anseio de plenitude do homem. Eis a grande tarefa, afirma ainda Bento XVI: «mostrar a todos que Deus é Deus de paz e não de violência, de liberdade e não de coacção, de concórdia e não de discórdia».
       Numa época em que o homem pretende edificar a sua vida de costas para Deus, a bênção e a dedicação desta Igreja é um facto de grande significado.
       Por último, realço o facto de estarmos prestes a iniciar o ano da Fé. Com ele, o Santo Padre convida toda a Igreja a celebrar em profundidade os cinquenta anos da abertura do Concilio Vaticano II e a integrar o Sínodo sobre a Nova Evangelização. Diz Bento XVI na Carta Apostólica «Porta da Fé», num dado passo: «A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou» (nº 6).
       E, mais à frente prossegue, afirmando que «com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé» nº 7).
       Com esta celebração, uma nova etapa se abre na vida desta comunidade cristã da Vergada. Lanço o apelo a que ninguém fique alheio ao convite de Jesus Cristo a formar uma autêntica comunidade fortalecida pelo Evangelho que continuamente deve ressoar entre os cristãos e que cada pessoa que viva no espaço desta paróquia sinta o conforto da Boa Noticia de Jesus Cristo oferecida em gestos concretos de comunhão, de amor, de justiça e de verdade.
       O templo hoje dedicado será através dos cristãos sinal de Jesus Cristo que vive no meio dos homens e que atende a todas as suas fraquezas e angustias, e se revela como salvador de todas as pessoas.
       Imploramos de Nossa Senhora, cuja Assunção gloriosa hoje celebramos, que nos indique o caminho para o encontro com o Seu amado Filho e que abençoe todos os habitantes desta paróquia.
Amén.
 +João Lavrador
Bispo Auxiliar do Porto