domingo, 30 de outubro de 2011

Todos os Santos 1 de Novembro


Celebrar os Santos é alegrar-se e dar graças a Deus por todos quantos estão no Céu... e são muitos! Temos ouvido, na primeira leitura, o autor do Apocalipse falar na multidão dos santos : 
"Eu, João... vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. 
Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: 'A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro'"... 
O texto quer falar na multidão dos Santos que vivem na felicidade eterna, na presença de Deus, que cantam a glória de Deus e do Cordeiro (Jesus
Quem são, então os Santos que celebramos hoje?
A resposta é múltipla : em primeiro vem a Virgem Maria, Rainha dos Santos, a seguir, 
os santos que a Igreja canonizou, e são muitos. 
Sabemos que o falecido Papa João-Paulo II canonizou mais santos do que todos os papas juntos desde há muitos séculos! 
Muitos têm um dia de festa especial : basta ver um calendário, cada dia do ano tem um ou vários santos! Mas os santos canonizados são muito mais numerosos do que os dias do ano... Além disso, o Céu está cheio de santos e santas não canonizados : são as pessoas que levaram na terra uma vida santa, quer dizer uma vida parecida com a de Jesus, que é, afinal o único Santo : de tal modo que, ao chegarmos no Céu, teremos a surpresa de encontrar pessoas que não tinhamos pensado que fossem santas : pai, mãe, avos, familiares,filhos, vizinhos, amigos e até pessoas de quem não gostavamos.
    E também nós, ficaremos santos com os santos, com a multidão imensa de que falavamos.
    Então, é possivel sermos santos? Claro : é mesmo a vontade de Deus : "Sejais Santos como Eu sou santo". Como será possivel? Haverá um caminho para chegar ao Céu e estar santo com os santos? Há, sim, e é Jesus : "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida", disse Jesus um dia.. O nosso caminho de santidade é o próprio Jesus.
    Jesus é o Caminho... mas o que quer dizer? Como é que uma pessoa, fosse o próprio Filho de Deus pode ser "caminho"? Jesus é "caminho" porque é o modelo de santidade que temos de seguir, da mesma maneira como seguimos uma estrada ou um caminho de terra..
   As chamadas "Bem Aventuranças" que temos ouvido no Evangelho não são afinal outra coisa, a não ser um "roteiro", um "mapa" que nos indica o caminho seguido por Jesus, pelos santos do Céu, e que nós temos de seguir também : o caminho da santidade...
  Se quiserem, vamos tomar cada uma das 8 "Bem aventuranças" e ver como Jesus as praticou na sua vida terrena; juntaremos cada vez um Santo ou uma Santa que as praticou de maneira exemplar.

1."Bem aventurados os pobres em espírito" (em vez de dizer "Bem-aventurados", vamos dizer so "Felizes": é igual e mais compreensível)
- JESUS viveu pobre : nasceu na pobreza do presépio, viveu numa família pobre (não miserável, mas muito simples); mais tarde, disse assim: « O Filho do Homem não tem uma pedra para pôr a sua cabeça"
- Um SANTO pobre : o mais conhecido é S. Fr. de Assis, qualificado de "Poverello" isto é: o pobrezinho... Ninguém levou vida mais pobre desde que descobriu "Dama Pobreza", como dizia;

2. "Felizes os humildes"
- JESUS foi humilde : "Vinde a Mim... porque sou humilde de coração!" Jesus nunca procurou as honras, viveu durante 30 anos desconhecido de todos, fugiu quando o quiseram proclamar Rei. Gostou de frequentar os pobres, os pequenos, os pecadores...
- Uma Santa humilde : Sta Teresinha do Menino Jesus : desde pequena, quis viver só com Deus e por Deus no Carmelo... entrou no claustro com 15 anos e nunca mais saiu... Desde então levou uma vida de oração, de pobreza, de sacrifícios, de doença, tudo oferecido pelos Missionários... So foi conhecida depois da sua morte

3. "Felizes os que choram"
- JESUS chorou : o Evangelho fala duas vezes das lágrimas de Jesus : uma vez diante du túmulo de Lázaro morto, outra vez sobre Jerusalém, por causa de ela recusar a salvação.
- Uma SANTA que chorou : a BEATA ALEXANDRINA de Balasar : todas as sextas-feiras, sofreu a paixão de Jesus... apesar de sofrer muito, ela gostava de sofrer tanto por amor de Jesus , para salvar os pecadores.

4. "Felizes os que têm fome e sede de justiça". Ser "justo", na Bíblia significa :ser exactamente o que Deus quer.
- JESUS conheceu aquela fome e sede: durante toda a sua vida, só quis fazer o que Seu Pai queria. "O Pai ama-me, porque faço sempre o que Ele quer"
- Um SANTO cheio de fome e sede: Claro que todos os Santos, sem excepção quiseram ser e fazer o que Deus queria. Só um exemplo: S. Vicente de Paulo, um Santo francês, que passou a vida toda a socorrer os pobres e doentes.

5. "Felizes os misericordiosos". Ser misericordioso é ter piedade de todos os que estão na miséria..
- JESUS foi misericordioso : cada vez que curou um doente , quando multiplicou os pães, quando perdoou aos que o matavam ...
- Um SANTO misericordioso : S. Maximiliano KOLBE, aquele franciscano polaco, preso no campo da morte de Auschwitz, que tomou o lugar dum pai de família condenado à morte; teve piedade daque homem e morreu em vez dele.

6. "Felizes os puros de coração"... Ser "puro" não fala só na pureza "sexual", mas também na pureza duma alma limpa, sem pecado.
- JESUS foi "puro": nunca cometeu o mínimo pecado
- EXEMPLO de pureza : Mais uma vez, todos os santos foram puros. Citemos só um exemplo : os pequenos FRANCISCO e JACINTA que , depois de ver Nossa Senhora, passaram a sua curta vida na única vontade de "consolar" Nosso Senhor e Nossa Senhora.

7. "Felizes os que promovem a paz"
- JESUS trabalhou sempre pela paz, não pela paz das armas, mas sim pela paz das almas : "Dou-vos a paz, deixo-vos a minha paz"
- Um santo pacificador : (apesar de não ser canonizado) o Papa Bento XV, que sempre trabalhou pela paz durante a 1a Guerra mundial. Foi por isso que o nosso Papa Bento XVI escolheu o mesmo nome.

8. "Felizes os que sofrem perseguição por amor da justiça"
- JESUS foi perseguido por aquele motivo : toda a sua Paixão é uma manifestação disso.
- Exemplo : os MÁRTIRES dos primeiros séculos, mas não só: até hoje há perseguições e cristãos a morrer : podemos lembrar aqui os monges franceses que foram assinados na Argélia, há uns dez anos, por ódio da religião cristã.

    Assim é o nosso "roteiro" que nos indica o caminho do Céu que temos todos de seguir. Claro que só foi possível evocar alguns nomes, uma vez que, para ser completo, era preciso escrever uma biblioteca enorme! Jesus praticou as "Bem-Aventuranças", os Santos também, cada um conforme a sua maneira e vocação... Mas o caminho fica traçado. Ao recordarmos hoje Todos os Santos, lembramo-nos do nosso destino pessoal. Tenho eu que praticar também aquelas Bem-Aventuranças. Não é uma coisa vulgar. É mesmo muito difícil. Mas Jesus é o nosso CAMINHO, um caminho vivo que nos dá a força para andarmos para frente, rumo ao Céu. Amen !

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano A

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano A
A liturgia do 30º domingo Comum diz-nos, de forma clara e inquestionável, que o amor está no centro da experiência cristã. O que Deus pede – ou antes, o que Deus exige – a cada crente é que deixe o seu coração ser submergido pelo amor.
O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.
A primeira leitura garante-nos que Deus não aceita a perpetuação de situações intoleráveis de injustiça, de arbitrariedade, de opressão, de desrespeito pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres e dos mais débeis. A título de exemplo, a leitura fala da situação dos estrangeiros, dos órfãos, das viúvas e dos pobres vítimas da especulação dos usurários: qualquer injustiça ou arbitrariedade praticada contra um irmão mais pobre ou mais débil é um crime grave contra Deus, que nos afasta da comunhão com Deus e nos coloca fora da órbita da Aliança.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã (da cidade grega de Tessalónica) que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida; e esse percurso – cumprido na alegria e na dor – tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades cristãs do mundo grego. Dessa experiência comum, nasceu uma imensa família de irmãos, unida à volta do Evangelho e espalhada por todo o mundo grego.

LEITURA I – Ex 22,20-26
Leitura do Livro do Êxodo
Eis o que diz o Senhor:
«Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás,
porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto.
Não maltratarás a viúva nem o órfão.
Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim,
escutarei o seu clamor;
inflamar-se-á a minha indignação
e matar-vos-ei ao fio da espada.
As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos os vossos filhos.
Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo,
ao pobre que vive junto de ti,
não procederás com ele como um usurário,
sobrecarregando-o com juros.
Se receberes como penhor a capa do teu próximo,
terás de lha devolver até ao pôr do sol,
pois é tudo o que ele tem para se cobrir,
é o vestuário com que cobre o seu corpo.
Com que dormiria ele?
Se ele Me invocar, escutá-lo-ei,
porque sou misericordioso».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 17 (18)
Refrão: Eu vos amo, Senhor: sois a minha força.

Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador.

Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz,
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.

Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu ungido.

LEITURA II - 1 Tes 1,5c-10
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem.
Tornaste-vos imitadores nossos e do Senhor,
recebendo a palavra no meio de muitas tribulações,
com a alegria do Espírito Santo;
e assim vos tornastes exemplo
para todos os crentes da Macedónia e da Acaia.
Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou
não só na Macedónia e na Acaia,
mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus,
de modo que não precisamos de falar sobre ela.
De facto, são eles próprios que relatam
o acolhimento que tivemos junto de vós
e como dos ídolos vos convertestes a Deus,
para servir ao Deus vivo e verdadeiro
e esperar dos Céus o seu Filho,
a quem ressuscitou dos mortos:
Jesus, que nos livrará da ira que há-de vir.

ALELUIA – Jo 14,23
Aleluia. Aleluia.
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.
EVANGELHO – Mt 22,34-40
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus,
reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Jesus respondeu:
«‘Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração, com toda a tua alma
e com todo o teu espírito’.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo, porém, é semelhante a este:
‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
Nestes dois mandamentos se resumem
toda a Lei e os Profetas».

Divulga-se o Calendário Diocesano do Ano Pastoral 2011 /2012 – Diocese do Porto.

 
Divulga-se o Calendário Diocesano do Ano Pastoral 2011 /2012
Outubro
1 – Conselho Diocesano da Pastoral Familiar – SDPF
7 a 9 -Jornadas Nacionais de Catequistas - SDEC
12 – Conselho Episcopal
22 – Encontro das Equipas Paroquiais Vocacionais e Animadores Vocacionais - SDPV
28 a 29 – Fórum Nacional das Vocações(Fátima) / A Pastoral Vocacional em tempos difíceis e aliciantes - SDPV
Novembro
2- Conselho Episcopal
5 – Acólitos ao encontro do Seminário - SDPV
6 a 13 – Semana dos Seminários – SDPV
6 a 13 - Renovação da Cadeia de Oração Diocesana pelas Vocações Sacerdotais – ROGAI - SDPV
12 – Conselho Diocesano de Pastoral
16 – Conselho Presbiteral
17 – Reunião de Vigários
19 – Festa dos Diplomas - SDMT
20 – Cristo Rei
21 a 25 – Retiro do Clero
24 – Conselho Episcopal
26 e 27  – Retiro de Advento na casa da Juventude - Advento - SDPV
27 – Domingo I Advento
30 – Convívios Sacerdotais
Dezembro
Semana do Anúncio - SDEC
Cordão de Luz Dezembro - SDEC
3 – Apresentação ao Seminário - SDPV
7 – Conselho Episcopal
8 – Imaculada Conceição (Ordenações Diáconos Permanentes)
17 – Encontro À volta do Natal – SDMT
18 – Novena do Menino - SDEC
21 – Conselho Episcopal
25 – Natal
Janeiro
1 – Dia Mundial da Paz – Ano Novo – Santa Maria Mãe de Deus
4- Conselho Episcopal
8 - Epifania
9 a 13 – Retiro do Clero
18 – Conselho Episcopal
19 – Reunião de Vigários
18 a 25 – Oitavário pela unidade dos Cristãos.
22-  Formação: Espiritualidade - SDEC
29 a 31 – Semana do Consagrado (29 Jan/05 Fev.) - SDPV
 Fevereiro
1 a 5 – Semana do Consagrado (29.Jan/05 Fev.)- SDPV
1 – Conselho Episcopal
2 – Dia do Consagrado - SDPV
4 – Jornada Diocesana da Família - SDPF
5 – Dia da Universidade Católica Portuguesa
6 a 9 – Jornadas de Teologia
10 – Celebração Diocesana do Dia do Doente - SDPS
22 – 4ª Feira de Cinzas
22 – Conselho Episcopal
25 e 26 – Retiro de Quaresma da Casa da Juventude - SDPV
26 – Domingo I Quaresma
 Março
7 – Conselho Episcopal
9 a 11 - Retiro para catequistas - SDEC
14 – Convívios Sacerdotais
19 – Dia do Pai
21 – Conselho Episcopal
22 – Reunião de Vigários
24 – V aniversário Tomada de Posse D Manuel Clemente
25 – V aniversário entrada Solene Bispo do Porto
Abril
1 – Domingo de Ramos
3 – Terça-feira Santa: Dia da Reconciliação
5 – Quinta-feira Santa: Missa Crismal e Missa “Coena Domini”
6 – Sexta-feira Santa: Paixão do Senhor
7 – Sábado Santo: Vigília Pascal
8 – Domingo de Páscoa
19 – Te Deum do 7º aniversário da Eleição do Papa Bento XVI
20 a 21- Jornadas de Pastoral Vocacional (20 Clero; 21 Leigos e Vida Consagrada) - SDPV
22 a 29 – Semana de Oração pelas Vocações - SDPV
26 – Conselho Episcopal
Maio
2 – Convívios Sacerdotais
6 – Dia da Mãe
9 – Conselho Episcopal
19 – Apresentação ao Seminário - SDPV
20 – Peregrinação Diocesana dos Frágeis - SDPS
20- Ascensão do Senhor – Dia Mundial das Comunicações Sociais
24 – Reunião de Vigários
26 – Conselho Diocesano de Pastoral
27 – Pentecostes
27 - Festa dos Povos - SDMT
Junho
 1- Dia Mundial da Criança
1 a 3 – Encontro Diocesano Família e Juventude - SDPF
3 – Santíssima Trindade e Dia Diocesano da Família
3 –Dia de Oração pela Vida Consagrada e Contemplativa - SDPV
6 – Conselho Episcopal
7 – Corpo de Deus
15 – Sagrado Coração de Jesus - Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes - SDPV
27 – Conselho Episcopal
30- Evangelho de Campo - SDEC
Julho
2 e 3 – Reunião de Vigários
8 – Ordenações
11 – Conselho Episcopal
20 a 22 - VIII. Jornadas de Verão  - SDEC
21 - IX. Mini-Jornadas de Verão - SDEC
26 – Dia de S. Joaquim e Santa Ana – Dia dos Avós
 Agosto
15 – Senhora da Assunção – Padroeira da Diocese e da Catedral


Homilia - DEDICAÇÃO DA SÉ – INÍCIO DO ANO PASTORAL 2011-2012
Em Cristo e nos que vivem em Cristo está a resposta, como sempre e esplendidamente esteve!

Amados irmãos, especialmente vós os que a vários títulos vos corresponsabilizais comigo e com os Senhores Bispos Auxiliares nos serviços centrais e órgãos colegiais da Diocese do Porto, ou nas 22 Vigararias e na leccionação de Moral e Religião Católica, em pleno início dum novo ano escolar:
 1. Ano pastoral,  contexto social e nova evangelização a fazer
A Dedicação da Sé proporciona-nos anualmente a feliz ocasião de retomar a normalidade das actividades diocesanas naquilo a que se convencionou chamar um novo “ano pastoral”. É já uma designação corrente, mas nem por isso indistinta. Na verdade, só se pode dizer assim se realmente participar – participarmos nós todos, os que, na responsabilidade de cada um, nos dispomos a protagonizá-lo – dos sentimentos e da atitude de Cristo, “o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11).
E é muito significativo que o discurso do Bom Pastor seja colocado pelo evangelista no contexto da festa da dedicação do templo de Jerusalém. Templo que Jesus já purificara, num episódio anterior – o que acabámos de escutar -, para responder surpreendentemente: “Destruí este templo e em três dias o levantarei”. E o evangelista esclarece: “Jesus falava do templo do seu Corpo” (cf. Jo 2, 13 ss). Anunciava, podemos dizê-lo, uma nova dedicação e um novo templo. Jesus dedica-se a si mesmo como o novo templo em que nos encontramos agora, na oferta ao Pai para a salvação de todos.
Esta é a verdade da Igreja e a sua operação no mundo: a Páscoa de Cristo, feita, também por nós, Páscoa do mundo, com a verdade primeira e última de que só na entrega nos  realizamos plenamente. É o nosso “segredo”, que - aqui positivamente - será proclamado sobre os telhados (cf. Lc 12, 3). Com o “novo ardor, novos métodos e novas expressões” que caracterizam a nova evangelização, tão inadiável e premente.
O ano pastoral que inauguramos – 2011-2012 – acontece num preciso momento da sociedade e da Igreja que não podemos nem queremos ignorar. Muito pelo contrário, é este o cronos que o Espírito de Deus quer fazer kairos, por entre as alegrias, as esperanças, as tristezas e as angústias (cf. Gaudium et Spes, 1) que a todos geralmente respeitam.
A sociedade portuguesa – como tantas outras da Europa e além desta – sofre uma “crise" que verdadeiramente se pode chamar assim, tanto por sobressaltar o curso normal de muitas existências, como por exigir um sério “juízo” sobre o que a originou e como sair dela.
Na encíclica Caritas in Veritate, Bento XVI já fez tal juízo e apontou-nos as necessárias mudanças a empreender, decerto na sociedade e na economia, mas prioritariamente nas consciências individuais e “colectivas”, se assim se pode dizer. Trata-se de levar muito mais a sério do que se tem feito e a todos os níveis da sociedade civil e política aquele conjunto de princípios que a Doutrina Social da Igreja enuncia basicamente como: a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 160). No que nos diz directamente respeito, como Igreja Portucalense, sugiro e quase requeiro que, neste ano pastoral, cada comunidade cristã e cada associação de crentes não deixe de reler esta parte do Compêndio da D.S.I., para ajuizar do que faz e deve fazer, muito concretamente, a partir daí.
2. Jornadas Mundiais da Juventude: um sinal dos tempos
Quanto à Igreja em geral, temos de tirar conclusões e consequências do que de mais relevante aconteceu ultimamente. Selecciono em especial as Jornadas Mundiais da Juventude, que vivemos com o Santo Padre e mais de um milhão de jovens em Madrid, há menos de um mês.
O que ali experimentámos e agora continua no espírito de tantos jovens que nelas participaram – inclusive da nossa diocese – é, sem dúvida alguma, um “sinal dos tempos” de primeiríssima ordem. Compete-nos agora – como o urgiu o Concílio há quase meio século – perscrutar e interpretar evangelicamente tal sinal (cf. Gaudium et Spes, 4) dando-lhe o melhor seguimento na vida eclesial. O que se passou nas Jornadas configura já aquela performatividade da esperança a que Bento XVI aludiu na sua segunda encíclica (cf. Spe Salvi, 2): pela sua alegria e disponibilidade, pela sua procura e adesão ao convite papal, aqueles jovens já davam substância e actualidade à esperança que inegavelmente constituem para a Igreja e para o mundo.
Foi, de facto, um magnífico sinal dos tempos, porque tantos jovens do catolicismo mundial se evidenciaram ávidos de comunhão autêntica, nas duas dimensões que cristãmente a definem: a busca de Deus e a disponibilidade para os outros. Nas múltiplas manifestações que preencheram aqueles abençoados dias, este verdadeiro “essencial cristão” demonstrou-se exuberantemente.
E, bem assim, o sentido pascal da existência. As Jornadas Mundiais da Juventude configuram propositadamente um “tríduo”, que leva da meditação da Paixão, à grande vigília de sábado e à Missa final do Domingo. Isto mesmo, com o misto de cansaço e alegria, com as catequeses e o culto eucarístico, com as oportunidades de convívio, reflexão e celebração da Reconciliação, tudo proporciona aos jovens participantes uma forte experiência de encontro com Cristo vivo na sua Igreja e nos múltiplos sinais em que nela se evidencia. Também não é por acaso que todas as edições destas Jornadas redundam em descobertas e decisões vocacionais, sempre na ordem das centenas e com as mais variadas especificações.
3. Família e Juventude: viver em comunhão, formar para a comunhão
Amados irmãos: Se me detive um pouco mais nas Jornadas Mundiais da Juventude foi também para reforçar o que já foi anunciado, ou seja que na Diocese do Porto nos dedicaremos neste ano – e porventura além dele – aos pontos centrais da Família e da Juventude. Assim decorreu da avaliação feita à Missão 2010 e assim foi colegialmente decidido que se fizesse.
É claro e sabido que a programação pastoral duma diocese já está previamente preenchida com tudo o que ocupa quase a cem por cento a normalidade das acções comuns dos pastores e das comunidades, ou seja, com a pregação e a catequese, a piedade e os sacramentos, a acção sóciocaritativa. Mas também sabemos que é conveniente destacar algum ponto mais urgente, quer em todas essas acções habituais, quer com realizações mais oportunas. É agora o caso da Família e da Juventude, continuando e especificando a missão.
Quer isto dizer que paróquias e vigararias, congregações e institutos, associações e movimentos, todos são convidados a ter tais pontos muito presentes no que fizerem por si ou conjuntamente. Já em Maio passado tive ocasião de escrever aos padres, pedindo-lhes que combinassem entre si e inter-paroquial  ou vicarialmente algumas acções específicas para a Família e a Juventude. Na última reunião de vigários e adjuntos já se partilharam algumas ideias nesse sentido, cuja concretização avançará certamente agora.
Por seu lado, os nossos Secretariados Diocesanos também terão estes dois pontos particularmente em vista, na acção conjugada que desenvolvem. Perspectiva-se desde já uma grande actividade para toda a Diocese, quase um encontro geral de famílias e jovens, nos três primeiros dias de Junho.
E, com esta dupla incidência, de novo se evidenciarão quer a referida essencialidade cristã, quer o sentido pascal da existência. O lema poderá ser, ligando o significado da família com a pedagogia juvenil: “Viver em comunhão, formar para a comunhão”.
4. Com exemplos concretos de santidade reconhecida
Estimados vigários e adjuntos, que agora iniciais ou continuais a importantíssima tarefa de coordenação pastoral que vos incumbe; estimados professores de Educação Moral e Religiosa Católica que estais a começar um novo ano escolar, com tão relevante encargo; caríssimos irmãos todos, aqui felizmente presentes, numa “dedicação” que, relembrando a desta venerável catedral, é sobretudo nossa: Deixai-me acrescentar ainda uma sugestão prática, muito recebida de João Paulo II e Bento XVI, qual seja a da importância dos exemplos concretos de santidade reconhecida.
Todos lembramos a preciosa indicação de Paulo VI, de que “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas” (Evangelii Nuntiandi, nº 41). Pois bem, sugiro-vos a todos que, em relação à Família ou à Juventude, deis os exemplos magníficos de quantos foram recentemente elevados aos altares porque demonstraram, ao longo do século XX, o que é uma família cristã e o que é um jovem cristão.
Sobre a família, tendes o exemplo dos esposos Luís e Maria Beltrame Quatrocchi, beatificados conjuntamente há dez anos e pelas virtudes de cada um, sendo a primeira vez que tal aconteceu. Deles escreveu o bispo e teólogo Bruno Forte: “[A de Luís e Maria Beltrame Quattrocchi] é antes de mais a história dum profundíssimo amor humano, feito de paixão e delicadeza, de doação e fidelidade totais, de partilha e comum empenho em amar e servir a vida em si e nos outros, começando pelos amadíssimos filhos. […] As cartas, os gestos, as atenções destes dois enamorados, que assim se mantiveram não obstante o correr do tempo e a fadiga dos dias, são um hino à beleza e à dignidade de tudo o que é verdadeiramente humano, um testemunho do valor altíssimo duma vida vivida a dois com sabedoria e responsabilidade, que em tudo e para tudo souberam ser como um só” (Cf. prefácio de Bruno Forte ao livro de Giorgio Papàsogli, Questi Borghesi… I Beati Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, Siena, Edizioni Cantagalli, 2001, p. 5).
Sobre a juventude, tendes os vários jovens beatificados pelos dois últimos papas, de Marcel Callo, militante do Escutismo e da Acção Católica, morto num campo de concentração nazi porque aí mesmo prosseguia o seu apostolado com os outros prisioneiros, a Chiara Luce Badano (Clara Luz), luminosa focolarina a que nem a doença tirou a alegria e a fé irradiantes. Indico-vos ainda um outro jovem, beatificado em 1990 por João Paulo II, que lhe chamou “o jovem das oito bem-venturanças”, e que já marcou tantos jovens católicos, sempre sensíveis à sua espantosa irradiação de vigor e caridade. Refiro-me obviamente a Pedro Jorge Frassati, a quem o grande teólogo Karl Rahner dedicou as seguintes palavras: “Frassati representava o jovem cristão puro, alegre, dedicado à oração, aberto a tudo o que é livre e belo, atento aos problemas sociais, que trazia no coração a Igreja e os seus destinos” (Karl Rahner. Cf. Maria Di Lorenzo, Pier Giorgio Frassati. O amor nunca diz: “Já chega!”, Lisboa, Paulinas, 2003, p. 133).
Amados irmãos: estes e outros bem-aventurados nos guiarão no presente ano pastoral, em torno da família e da juventude, que eles tão exemplarmente figuraram. Com eles saberemos motivar as nossas famílias e jovens, nas comunidades e nas escolas, para continuarem a ser resposta de Deus ao mundo. - Em Cristo e nos que vivem em Cristo está tal resposta, como sempre e esplendidamente esteve!
Importa então recebê-la, para a prolongar agora. E aqui nos encontramos – imprescindivelmente nos encontramos! – com Maria Santíssima, Mãe de Cristo e da Igreja, magnífico modelo de nós todos no acolhimento da Palavra divina e na sua transmissão ao mundo.
Celebrámos ontem a Natividade da Virgem Maria, nove meses depois da sua Imaculada Conceição, que de novo teremos em Dezembro. Virão depois o Natal de Cristo, que por Ela aconteceu, e Santa Maria Mãe de Deus, para começarmos religiosamente o novo ano civil… Proponho-vos instantemente, amados irmãos e irmãs, que não deixeis passar nenhuma destas e outras datas litúrgicas sem aprofundardes criativamente a necessária dimensão mariana da existência cristã, particularmente com as famílias e os jovens.
Estou certo e certíssimo de que o acolhimento filial e confiante da Mãe de Cristo – da Mãe que Ele mesmo nos deu ao pé da Cruz -  é condição básica para a compreensão profunda e o seguimento certo do Evangelho eterno.
- E, como foi no Cenáculo, com Maria e os discípulos a inaugurarem a primeira evangelização, assim será agora, com Ela sempre, justamente proclamada “Estrela da Nova Evangelização”!
+ Manuel Clemente
Sé do Porto, 9 de Setembro de 2011